Walter Uchôa Dias Júnior
Geógrafo
Superintendente de Estudos e Pesquisas/Seplag
Coordenador do Observatório de Sergipe
*Publicado no Jornal da Cidade em 14/02/2012.
Dando prosseguimento a divulgação dos resultados do Censo 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em novembro de 2011, dados com resultados dos Indicadores Municipais, abordando os seguintes temas: Aspectos Populacionais, Cor ou Raça, Composição das Unidades Domésticas, Situação Educacional, Saneamento, Distribuição e Diferenciais de Rendimentos e Direitos Humanos e Indicadores Sociais.
Da gama de informações disponibilizadas nesta etapa de divulgação, o Observatório de Sergipe elaborou estudo analisando os dados das condições de saneamento domiciliar para Sergipe e seus municípios, podendo ser acessado em sua íntegra através do endereço: http://www.observatorio.se.gov.br/pesquisas-socioeconomicas2/164-estudos-especiais.html.
No estudo, os domicílios foram classificados da seguinte forma:
– Domicílio com saneamento adequado (é aquele com escoadouro ligado à rede geral ou a fossa séptica, servido por rede geral de abastecimento e com destino do lixo coletado diretamente ou indiretamente pelos serviços de limpeza);
– Domicílio com saneamento semiadequado (possui acesso adequado em pelo menos um dos serviços de abastecimento de água, esgoto ou lixo); e
– Domicilio com saneamento inadequado (aqueles não conectados à rede geral de abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e não possuidores de acesso à coleta de lixo).
Nordeste e Sergipe
Para a região Nordeste foi constatado que 40,02% dos domicílios particulares permanentes estão com bons índices de adequabilidade, 45,01% na categoria de semiadequado e 14,07% com padrões inadequados de saneamento, sendo esse o segundo maior índice, perdendo apenas para a região Norte.
Em relação aos estados nordestinos, observou-se que a Bahia (47,69%), Sergipe (47,47%) e Pernambuco (47,35%) apresentam os melhores desempenhos em relação à adequação de saneamento que, acompanhados de Paraíba (45,56%) e Rio Grande do Norte (41,97%), tem percentuais acima da média para o Nordeste (40,02%).
Já entre os domicílios particulares permanentes com índices de inadequação, Sergipe aparece com o segundo menor percentual nordestino, 9,43%. O estado do Rio Grande no Norte (7,93%) lidera e Pernambuco (12,07%) aparece em terceiro.
O Saneamento nos municípios sergipanos
Tratando a condição de saneamento em visões municipais e territoriais, constata-se que Aracaju (86,53%), Carmópolis (81,59%), Propriá (71,39%), Telha (65,23%) e Tobias Barreto (60,46%) são os cinco municípios com maior percentual de adequabilidade.
Entre os dez primeiros, além da capital, aparecem também mais quatro municípios que fazem parte do Território da Grande Aracaju (N.S. do Socorro, B. dos Coqueiros, Maruim e Riachuelo). Esse alto percentual de domicílios com adequabilidade na Grande Aracaju está diretamente relacionado à concentração populacional (demandando mais ações públicas) e a importância que esse Território possui para o Estado, concentrando grande parte das atividades de serviços, indústria e comércio, evidenciando a crescente metropolização que além da capital estadual, envolve principalmente os municípios de Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros.
- Gráfico 1: Domicílios com Saneamento Adequado, Sergipe – 2010.
Destacam-se também os altos percentuais de adequabilidade de municípios do interior sergipano, como Carmópolis, Propriá e Telha, bem como nos municípios que compõem os Territórios do Agreste, Centro Sul e Alto Sertão Sergipano.
Quanto à condição de semiadequação, São Domingos (96,94%), Malhada dos Bois (92,15%), São Francisco (89,98%), Areia Branca (86,91%) e Ilha das Flores (86,55%), apresentam os maiores percentuais de domicílios sendo atendido por ao menos um dos serviços citados no estudo. Ao fazer uma análise territorial, verificam-se maiores índices na porção nordeste, composta por todos os municípios do Médio Sertão e pelos municípios de Nossa Senhora das Dores (80,76%), Capela (75,55%), Japaratuba (79,90%), Japoatã (76,98%), Brejo Grande (80,50%), Neópolis (68,04%), Nossa Senhora de Lourdes (81,06%), Amparo de São Francisco (66,86%) e Pirambu (73,99%). Todos esses com percentuais acima de 62% de domicílios com status de semiadequabilidade.
- Figura 1: Mapa Adequação dos Municípios Sergipanos – 2010.
Já para a situação “inadequado”, a zona mais homogênea com altos percentuais envolve os Territórios Centro Sul e Sul, sendo composta pelos municípios de Cristinápolis (26,14%), Tomar do Geru (42,89%), Indiaroba (23,61%), Umbaúba (18%), Riachão do Dantas (42,62%) e Simão Dias (28,38%), Salgado (36,82%) e Santa Luzia do Itanhy (32,35%).
- Gráfico 2: Domicílios com Saneamento Inadequado, Sergipe – 2010.
O Baixo São Francisco demonstra um comportamento semelhante em sua porção mais litorânea, com Pacatuba (50,12%) e Japoatã (21,12%) apresentando os maiores percentuais. O Alto Sertão apresenta percentuais significativos de domicílios em situação inadequada de saneamento, com percentuais variando entre 15,5 e 26,1%, entretanto são altos também os percentuais de domicílios em situação adequada, dando ao mesmo um caráter intermediário ou se analisar municípios de outros territórios.
Considerações
Os indicadores socioeconômicos municipais representam um importante conjunto de estatísticas públicas que servem de base para o planejamento e a gestão de políticas públicas, permitindo traçar diversos panoramas e visões sobre a sociedade, abordando a características socioeconômicas, ambientais e culturais da população.
Nas próximas semanas, a partir da análise de microdados de pesquisas como o PNAD 2009 e CENSO 2010, a Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, através do Observatório de Sergipe, divulgará novos estudos, com informações por setores censitários e abordagens transversais que retratem de forma mais eficiente e especializada a realidade de Sergipe.